Artesão de Boca da Mata esculpe obras de madeira reconhecidas nacionalmente.
O mestre artesão André da Marinheira recebeu a certificação de Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas (RPV) durante o evento Semana do Folclore, na última quarta-feira (23).
André Barbosa, conhecido como Mestre André da Marinheira, nasceu na cidade de Boca da Mata e atualmente está com 54 anos de idade. O artesão é reconhecido por Mestre da Arte da Escultura de Madeira pelo Programa do Artesanato Brasileiro, sendo premiado e homenageado diversas vezes, inclusive recebeu o Prêmio Culturas Populares, promovido pelo Ministério da Cultura.
O Mestre é um escultor e artesão de destaque, que vive de arte há mais de 40 anos. É também um dos 20 filhos do famoso Mestre Manoel da Marinheira, que ensinou seu ofício ao filho desde quando tinha 12 anos de idade, assim continuando o seu legado. Mas, mesmo sendo seguidor de seu pai, o artesão aderiu um estilo diferente em seus trabalhos.

O atual patrimônio vivo usa apenas troncos de jaqueira, que é uma árvore nativa de tom amarelado, para criar sua arte. O Mestre André planta as jaqueiras no seu próprio sítio e de seus troncos esculpe grandes animais. O artista preserva o ciclo de vida e morte dessas árvores, utilizando-as já inférteis, ou seja, não produzindo mais frutos.
As peças que o Mestre produz, em sua maioria são felinos, e são incorporadas com malha, marcando um estilo. A técnica utilizada em suas obras é a pirografia, que utiliza fogo para desenhar listras em tigres e manchas tradicionais em onças-pintadas.
Sua arte atrai muitos compradores, em sua maioria colecionadores e galerias. Além disso, suas obras estão espalhadas por Alagoas, como “O Leão” localizada no Pontal da Barra.
O mestre explica que a origem do nome da família começou com o avô, Seu Liberiano, que veio da Alemanha em um navio fugindo da primeira guerra mundial e abrigou-se em Boca da Mata, tornando-se um dos fundadores.

Na época, conheceu Dona Maria Justina, que ficou conhecida como “marinheira”, e não quis mais sair de Boca da Mata, pois logo se apaixonaram e construíram a família. Quando o filho nasceu, o “batizaram” de Manoel (filho) da Marinheira.
Dos 20 filhos de Manoel, 5 seguiram o ofício, entre eles Antonio, Maria Cícera e Severino, que são surdos e mudos, e encontraram na arte uma maneira de se expressarem. Cícera cria imagens sacras como o avô, já Antonio e Severino seguiram as criações do pai, produzindo animais.
Aos 16 anos, Mestre André começou a lucrar com as pequenas peças que produzia, assim decidiu viver da sua arte que envolve o entalhe, a madeira e a mata.
André é um homem simples, de pouca formação mas muito devoto, tem um temperamento virtuoso, doce e gentil, essas características contrapõem suas renomadas obras robustas.
Mestre André, por preservar a cultura tradicional e popular alagoana através de sua arte, ganhou o título de Patrimônio Vivo de Alagoas. Para acompanhar o trabalho de André da Marinheira e conferir suas peças clique aqui.
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