Falência de bancos dos Estados Unidos levanta discussão sobre queda de juros no Brasil.
Nos últimos dias, o mercado econômico dos Estados Unidos foi impactado com a notícia da falência do Silicon Valley Bank. A instituição financeira é considerada uma das mais importantes em financiamentos e aportes para startups.
Acontece que esse já é o terceiro banco dos Estados Unidos a anunciar quebra, tendo sido precedido pelo Signature e Silvergate. O temor do mercado financeiro é que a crise bancária norte-americana se agrave e comece a afetar outros países.
No Brasil, por exemplo, onde as taxas de juros já estão em níveis altos desde 2021, passou a circular a especulação que a onda de falência também poderia chegar aos bancos nacionais. No entanto, o economista Pedro Neves avalia a situação por outra perspectiva.
“Por hora, desconheço fundos e bancos brasileiros que estejam ligados ao Silicon Valley Bank (SVB). Acredito que o maior risco não está na crise do SVB contaminar o Brasil, mas no motivo central que gerou essa quebra: a elevação da taxa de juros”, diz Pedro.
Como aconteceu essa falência de bancos dos Estados Unidos
O economista explica que, a falência de bancos dos Estados Unidos precisa ser vista a partir das razões que levaram à crise. Isto é, entender o que de fato aconteceu com as instituições financeiras antes de chegar a quebra.
Portanto, Pedro destaca o método utilizado globalmente para indicar a solidez de instituições financeiras — capaz de ditar as ações de investidores e correntistas.
“Para avaliar um banco se usa o ‘Índice de Basiléia’, um indicador internacional que mensura a saúde financeira dos bancos por meio da relação entre capital próprio e de terceiros. O índice ajuda o investidor a avaliar a possibilidade de solvência da instituição bancária”, cita.
Sabendo da existência desse indicador, é possível então compreender os processos que levaram ao Silicon Valley ao estado de falência.
“Em resumo, o SVB pegava dinheiro emprestado para financiar operações de longo prazo. O problema é que a taxa de juros nos EUA subiu. Logo, o SVB ficou em uma situação difícil”, contextualiza o economista.
“Muitos correntistas, com medo, saíram resgatando seus recursos. Esse efeito manada piorou a situação. Pois, caso uma grande parte dos clientes solicite o resgate, dificilmente um banco consegue honrar com esses recursos. Isso fez o SVB falir”, pontua Pedro.
O que pode acontecer com o Brasil
Atualmente, o receio de alguns especialistas é que a mesma ação motivada pelo medo do futuro das instituições chegue aos correntistas brasileiros. E o alerta serve até mesmo para empresas que não apresentem sintomas de quebra.
“Mesmo os bancos e fintechs no Brasil não estando em situações difíceis, o efeito manada — provocado pelo medo —, pode levar correntistas a resgatarem recursos, tendo resultado praticamente igual”, comenta Pedro.
E claro, o problema com as taxas de juros também pode complicar quem já estiver em condição financeira mais arriscada ou volátil.
“Aqui a taxa de juros também segue em patamar muito elevado. Empresas brasileiras muito endividadas podem sofrer um mal similar ao SVB. Ou seja, o risco não é o SVB prejudicar investidores no Brasil, mas a mesma doença que o afetou chegar às instituições brasileiras.”
No último domingo, o Federal Reserve (FED) – sigla em inglês para o Banco Central Americano – anunciou uma nova linha de empréstimo de emergência para impedir esse efeito dominó.
No Brasil, mantida em 13,75% pelo Banco Central, a taxa básica de juros – Selic, será debatida na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para acontecer na próxima semana.
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