Especialista dá dicas de como ensinar os filhos a administrar o próprio dinheiro.
A educação financeira para crianças, embora não seja uma disciplina obrigatória nas escolas, é fundamental para formação de adultos que saibam administrar o dinheiro e os investimentos pessoais.
Por essa razão, é muito importante que os pais estejam atentos ao modo como as finanças são inseridas na rotina das crianças. Para o economista e assessor de investimentos, Guilherme Lages, o assunto deve ser introduzido logo após a alfabetização.
“A idade ideal para introduzir de fato educação financeira para crianças é quando [elas] já possuírem alfabetização e tiverem aprendido as primeiras operações matemáticas. Isso vai facilitar bastante o entendimento do valor do dinheiro e sua utilização”, diz.
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a alfabetização infantil deve começar no 1ª ano do Ensino Fundamental, por volta dos 6 anos de idade. Até o final do 2º ano a expectativa é que a criança já esteja alfabetizada.

No entanto, durante a primeira infância, fase compreendida entre os 3 e 5 anos de idade, os pequenos já precisam ter noções de prioridade. Quanto mais cedo forem construídos os hábitos saudáveis relacionados às recompensas — que não necessariamente envolvem dinheiro — mais natural será a educação financeira para crianças.
“Antes disso [da alfabetização] pode-se introduzir noções de prioridade, como brinquedos e lanches, de modo que fique claro que toda escolha traz consequências e abdicações. Também é válido construir hábitos saudáveis de esforço e recompensa, valorizando as conquistas e tarefas realizadas”, explica o economista.
Como incluir as crianças no planejamento da família
Se engana quem pensa que o orçamento da casa é coisa de gente grande. Os filhos podem participar do planejamento financeiro da família como um método de aprender na prática — e com dinheiro de verdade — como as contas são organizadas e pagas seguindo condições, prazos e datas de vencimento.
Lages destaca que as escolhas de prioridades, feitas pelos filhos lá na primeira infância, devem servir como ponto de partida para essa conexão entre planejamento dos adultos e a educação financeira para crianças.

“Estas ‘noções de escolha’ são a porta de entrada para incluir as crianças no planejamento financeiro da família, de maneira que elas entendam como funciona a administração do dinheiro. Quanto antes se conseguir um diálogo franco sobre o orçamento e limitações da família, melhor”, afirma.
Controle financeiro na adolescência
Para quem tem filhos maiores, o mais adequado é que as ideias básicas de educação financeira para crianças já estejam sólidas na rotina. Afinal, é comum que nesta fase, os pais já ofereçam uma mesada — que precisa ser bem administrada pelo jovem.
Embora o economista reitere que não existe um meio exato para definir valores, é essencial que os adultos incentivem o adolescente a usar o dinheiro da melhor maneira possível, ponderando as escolhas e ações com a mesada.
“Quando adolescente, não existe uma forma ideal para determinação de mesadas e responsabilidades financeiras. Devemos utilizá-la de maneira educativa, visando enraizar bons hábitos de escolhas conscientes, premiando as tarefas realizadas, criando metas e estimulando o controle financeiro”, pontua Lages.
Cartão para crianças
Para estimular esses bons hábitos na educação financeira para crianças, atualmente, existem recursos financeiros criados especificamente para menores de idade, como cartão mesada, cartão pré-pago e cartões de débito.
Porém, vale salientar que, segundo a legislação brasileira, não é permitido aprovar um cartão de crédito em nome de crianças e adolescentes menores de 18 anos. Por isso, os pais devem ter cautela antes de colocar um nas mãos dos filhos.

“O cartão de crédito pode se transformar de salvador a vilão em questão de meses ou dias. Então, o cuidado deve ser redobrado para as crianças”, enfatiza Lages.
Além disso, o assessor de investimentos também comenta que o comportamento dos pais exerce uma influência direta sobre os pequenos. Logo, os adultos da casa devem observar não apenas com o que ensinam sobre dinheiro, mas também como lidam com ele.
“É natural que os filhos sigam exemplos, dentro e fora de casa, e quando o assunto é dinheiro não é diferente. Então, se os pais não tiverem know-how suficiente na área é recomendado buscar ajuda de um profissional de planejamento financeiro de confiança”, sinaliza.