Especialista explica série de competências que deve ser observada antes de escolher plataforma virtual.
Quem deseja começar a vender algo na internet, logo no início se depara com diversas opções de plataformas: Instagram, WhatsApp, site próprio ou marketplaces (como Mercado Livre, Enjoei e Shopee, por exemplo).
Em 2020, com a pandemia de Covid-19, muitos comerciantes precisaram migrar para o e-commerce para não ter as vendas prejudicadas por conta das restrições de abertura do comércio.
Outro grupo que também precisou encarar o desafio das vendas online foi o de novos empreendedores, que diante de um cenário econômico instável, encontrou na internet uma forma de gerar renda durante o isolamento social.
Esse foi o caso do alagoano André Lourenci, de 25 anos, que, em julho do ano passado, abriu a Divera Lab, uma loja virtual de placas decorativas em acrílico sob encomenda.
O empreendedor optou por manter o negócio no Instagram e WhatsApp.
Para ele, essas plataformas atendem às necessidades da loja em oferecer um produto sob demanda e geram uma proximidade maior com o cliente em comparação com os marketplaces – espécie de shopping centers virtuais.

“A gente já tentou olhar alguns marketplaces, mas eu sinto que não tenho tanto contato com o cliente nessas plataformas. Pelo WhatsApp tem mais uma questão de o cliente acompanhar como está sendo feito, como a arte vai ficar no final”, explica o dono da Divera Lab.
Já a empreendedora Ana Karlla Jovino encontrou no marketplace o alcance e praticidade que precisava para revender seus produtos de papelaria para todo o Brasil.
Com quase um ano de loja virtual, a alagoana explica que optou pela plataforma Shopee por não ter dificuldade em realizar as vendas, e que mesmo com as taxas cobradas dos vendedores, o site continua sendo a melhor opção para ela.
“A Shopee em si me ajuda bastante nas vendas, já que mostra todos os itens relacionados com a busca do comprador”, diz a empreendedora, que tem como principais compradores clientes de São Paulo e outros estados do Nordeste.
Segundo ela, outro fator que pesou na escolha foi a logística. Ao receber um pedido, o vendedor recebe automaticamente da plataforma a etiqueta de envio, bastando entregar o pacote em uma agência dos Correios. O site também mostra o rastreio do item e notifica o vendedor e o comprador quando o objeto é entregue.
“Eu tentei em outras plataformas, mas essa acabou sendo mais intuitiva, e as outras tinham taxas ainda maiores. Sem contar que nem todas têm a opção de variedades, modelos, tamanhos [no cadastro dos itens], etc.”, completa.
Orientações do especialista
Segundo o gerente da Unidade de Relacionamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Alagoas (Sebrae-AL), Marcos Alencar, antes de começar a vender online e escolher a plataforma, o empreendedor precisa saber se o produto ou serviço que quer disponibilizar tem capacidade de suprir a demanda e escalar a operação.
“Se ele não tiver produto para atender a demanda, será eliminado da competição comercial logo de cara”, analisa Alencar.
Ao escolher a plataforma, o especialista recomenda observar atentamente quais são as políticas de venda e analisar o retorno em relação ao custo-benefício, já que algumas delas cobram taxas do vendedor.

De acordo com o especialista, existem inúmeras vantagens nas plataformas de venda online, mas, se o empreendedor não possuir o necessário para oferecer seu melhor serviço, a escolha da plataforma não será o maior desafio.
“Qualquer plataforma que o empresário use, seja própria ou de terceiros, se não oferecer facilidade na comunicação, atendimento imediato e sem burocracia, se não tiver agilidade na entrega, facilidade de navegação e não oferecer opções de pagamento, como pix e cartões, não levará a empresa ao que ele deseja: vender”, explica Alencar.
Algumas dicas:
- Pesquise sobre a demanda e a concorrência no ambiente online;
- Analise se sua operação tem capacidade de manter a produção e se é possível entregar com agilidade;
- Estruture um canal de comunicação efetivo com o cliente;
- Estabeleça procedimentos de controle de qualidade.
Ainda que as vendas online tragam inúmeros benefícios, tanto para quem vende, como para quem compra, Marcos Alencar alerta: o e-commerce pode virar um tormento se todas as etapas não forem analisadas por quem gerencia o negócio.
“Vender online é a ponta de um processo, não o processo completo”, salienta Alencar.
R$ 87 bilhões em vendas no Brasil, em 2020
Segundo o relatório sobre o comércio eletrônico brasileiro Webshoppers, o e-commerce chegou a marca histórica de R$87 bilhões em vendas no ano de 2020.
De acordo com o estudo, a região Nordeste é a segunda que mais contribuiu com o crescimento do comércio eletrônico no primeiro semestre de 2020, com 31,7% de contribuição, ficando atrás apenas da região Sudeste.
O estudo também apontou que 2020 teve um crescimento de 23% novos consumidores em relação ao ano anterior, e que 83% deles voltariam a fazer compras online, tornando-se consumidores recorrentes.
A pesquisa ainda concluiu que um dos principais motivadores de compras pelos consumidores brasileiros é o frete grátis.
Para Marcos Alencar, do Sebrae-AL, devido às mudanças na cultura comercial, quem se recusa a aderir ao e-commerce tende a ficar em isolamento no meio.
“A maioria dos empresários ainda atuam no mundo analógico, mas com o tempo irão migrar para o mundo digital. É um caminho sem volta, mas um caminho que vai exigir de cada empresário, de cada usuário, de cada cliente, conhecimento e capacitação”, completa.